Resumo As relações das pessoas com as coisas e os sítios arqueológicos no contexto amazônico é extremamente plural e contextual. A cada comunidade, pesquisadores e pesquisadoras aprendem outras formas de pensar as intrínsecas relações entre passado e presente. O Laboratório de Arqueologia do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá tem primado por uma atuação interdisciplinar para o desenvolvimento de ações e pesquisas com as comunidades ribeirinhas nas áreas de proteção. Neste artigo, abordamos as práticas arqueológicas e a salvaguarda do patrimônio em contextos comunitários. Por meio da arqueologia, da conservação arqueológica e da educação, refletimos sobre nosso papel como profissionais que atuam a partir de diferentes saberes e grupos de interesse, onde valores, significados e resultados são revisitados a todo momento em que novas colaborações são estabelecidas, seja entre pesquisas acadêmicas, seja entre agentes da comunidade. Para isso, discute-se os trabalhos desenvolvidos em Boa Esperança, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Amanã, que recebe arqueólogos e arqueólogas desde 2006. Consideramos que a pesquisa se transformou pelo contexto comunitário e pela ampliação do envolvimento de diferentes agentes, reorientando nossas ações em busca de alternativas de médio e longo prazo para a gestão colaborativa e sustentável do patrimônio arqueológico amazônico.
Abstract People’s relationships with things and with archaeological sites in the Amazonian context are extremely plural and contextual. In each community, researchers learn other ways of thinking about the intrinsic relationships between the past and present. The Mamirauá Institute’s Archaeology Laboratory has excelled at an interdisciplinary approach to developing activities and research together with riverine communities in protected areas. In this article, we discuss archaeological practices and the challenges of preserving archaeological heritage in community contexts. Through archaeology, archaeological conservation, and education, we reflect on our role as professionals working from different knowledge and interest groups, where values, meanings, and results are revisited every time new collaborations are established (whether these involve academic research or community agents). To do so, we examine the work carried out in the Boa Esperança community, located in the Amanã Sustainable Development Reserve, which has been receiving archaeologists since 2006. This research is considered to have been transformed by the community context and by broader engagement with different agents, reorienting efforts to find medium- and long-term alternatives for collaborative and sustainable management of the Amazon’s archaeological heritage.